terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tento não pensar neles. Ele com a menina. Ele segurando a mão dela, o que me faz lembrar que ele só segurou a minha mão uma única vez. Eles vendo um filme, ouvindo música, bebendo, fumando, se é que ela fuma. Tento não pensar que ela tá na garupa da moto, cabelos ao vento, segurando ele pela cintura. Ela sente o cheiro dele. Não lembro se ele usava perfume, ou melhor, não usava com frequencia, mas ele tinha um cheiro só dele. Todos nós temos um cheiro só nosso, mas o cheiro dele era... Cheiro de saudade? Maldita saudade! Não, acho que não, acho que era um cheiro de algo confortável, que fazia com que eu me sentisse bem. Um cheiro quase nostálgico.
Hoje eu balancei a cabeça para não pensar. Afundei-me nos livros, estudei, afinal, eu sou a pessoa mais importante para mim.
Agora, noite, tão quentinha, sinto paz.

O texto abaixo foi escrito em algum dia do final de 2006 ou durante o ano de 2007.


Sabe qual é a minha vontade? Apagar todos esses meses e começar tudo de novo. Foi tudo chato e pesado. Não adianta, o peso faz parte dos meses, desse tempo, da angústia que te esmaga, que me dilacera e encontra o caos dentro de nós. É um peso tão profundo que a gente prefere esquecer, e assim age porque a jornada para tirá-lo das trevas é dolorosa e quando chega ao ponto em que a ferida está aberta, outro baque: temos que tocar na ferida e dói ainda mais. Então a gente vira a página. Bem, nem sempre. A página em que me encontro já está toda amarelada de tanto que a mexo dentro de mim.
Eu quero e não quero dizer, por isso digo: aquele dia me marcou (e não pesa, até alivia, lembra que chovia? E quando chove eu me sinto melhor, eu sou melhor comigo, sou mais doce e meu sono é mais suave, é a palpável paz de Deus), naquele momento do olhar (chega! Não falarei mais nele!) o mundo parou, transcendeu tudo e tudo se encontrou. Foi como um pensamento que acorda e impulsiona. Foi como uma gota que ecoa no silêncio – no meu silêncio. Ecoa até hoje, sinto o seu som até depois da morte, na eternidade ainda contemplarei a imensidão azul, linda e assustadora. Aquilo foi o mais íntimo que chegamos, mais nu – era a nudez da alma. 

Um comentário:

  1. Oi concurseira,

    e aí como vão as provas do seu coração? Acho que escreve bem e deve aproveitar esse dom para expulsar todo o apego ao que te traz tristeza.
    Estude com afinco para passar nas provas da vida, elas sim garantem estabilidade! Não abra mão da sua vida por ninguém,não vale à pena.Conversei com uma amiga, que está passando por uma situação parecida com a sua e ela me disse algo importante " o problema é passei a vida inteira sendo eu e fulano e agora não sei ser apenas eu".
    Aprenda a ser apenas você mesmo estando em um relacionamento.
    obs. sabe que você tem razão quanto ao café.
    um grande abraço,
    Araci

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